CROÁCIA
A minha viagem ao país esquecido dos Balcãs. Com uma pandemia que nos obriga a permanecer no quente das nossas casas para proteção da nossa população, decidi contar uma viagem que fiz há já alguns anos.
Esta aventura não começa com um mito longínquo sobre algum monstro que tenho de derrotar, nem com uma procura por algum material precioso. Esta aventura começa com uma viagem. Mais em específico, umas férias de verão. Era um verão quente (não tão quente como o de 2020 nem o de 2019, mas uma brisa de calor parecida com a de 2015) e as pessoas procuravam destinos para viajarem. Brasil, Espanha e ilhas no pacífico eram os destinos habituais para quem desejava uns dias de praia. Para quem procurava cultura Itália, França e Estados Unidos da América eram as escolhas óbvias. Preços baixos eram o que causava esta migração temporária de portugueses acontecer. Portanto com tantas escolhas maravilhosas qual seria a decisão da minha família para um local de descanso? Seria dias e noites na praia da Baía, preocupando-nos apenas com a demora de mesas para jantar e almoçar? Ou talvez uns dias pela Itália visitando o Coliseu e o panteão de Roma, a torre de Pisa e a catedral de Milão? Ora bem a resposta final seria Croácia. De todas as aventuras que estavam pré-planeadas por agências de viagens, a decisão final acabou por ser um país que tinha sido usado para gravar algumas cenas de “Game of Thrones”.
Numa primeira reflexão também achei estranha a escolha de um destino com tão pouca atração, mas viria a ter uma excelente aventura neste território minúsculo dos Balcãs. As surpresas nunca começam até sairmos do avião (claro, se não contarmos com as crianças que choram horas a fio pela viagem) e esta viagem não foi diferente. De um voo normalíssimo cheguei às minhas férias anormalíssimas. Enquanto a minha família tratava de arranjar um veículo que aguentasse a semana inteira, eu aproveitei para ver os viajantes de aeroporto. Vemos aquele senhor de fato a suar enquanto corre pela multidão para apanhar um avião que o leva para o seu próximo negócio, mais atrás a mãe e o pai com os seus 3 filhos que vão causando o caos a cada passo que tomam, o polícia que, não viajando, tem sempre um ar de esperança, quase de necessidade de pegar nas suas coisas e apanhar um voo que também o leve para os destinos mais exóticos que existem.
Já na cidade que ficámos, Split, deu para ver as belas praias e monumentos que se escondiam neste país. Um mar tão transparente que se via os peixes a nadarem em torno das algas e corais, presos firmemente ao chão e sendo iluminados por um sol de verão. Os monumentos apontavam para um estilo arquitetónico da época dos romanos, vendo-se com maior expressão nas catedrais e nos palácios. Um país que escondia beleza a cada esquina que tomávamos. Não foi preciso muita exploração para encontrarmos ruas estreitas com muita população, trazendo uma familiaridade com as ruelas de Alfama.
As pessoas que conheci nesta viagem revelaram ter uma simpatia extrema e um grande interesse e conhecimento por nós como turistas e portugueses. A simpatia e interesse advinha de a região não costumar ter muitos turistas, o que colocava um incentivo maior para tratar bem os poucos que por lá caminhavam, tirando fotos ao Palácio de Diocleciano. O conhecimento da nossa terra natal era, como me apontou uma senhora com uma certa idade no hotel em que nos encontrávamos, o resultado do sistema de educação que as gerações mais velhas receberam durante o regime do controverso e carismático líder Josip Broz Tito.
Nesta viagem ainda tive a oportunidade de explorar o Mediterrâneo, conseguindo encontrar alguns golfinhos que por lá passavam as suas próprias férias e ver as paisagens maravilhosas do mundo subaquático. A comida tradicional baseava-se muito em animais marítimos. Afinal sendo uma região que se encontra presa ao mar, impossibilitando a Bósnia de ter costas, seria um erro não aproveitar o que o oceano oferece. Uma viagem que mostrou uma região esquecida na Europa e que não merece o nosso esquecimento. As pessoas, a comida, as paisagens, a cultura e muito mais que os turistas, mais velhos ou mais novos, procuram pode ser encontrado e aproveitado por todos. É por isto que a Croácia se revela como sendo um excelente destino para viajar.
